Espécie de jatobá plantada ao lado do Casarão Afonso Sardinha sobrevive a mais de 400 anos de desmatamentos em São Paulo

Um pouco antes da entrada da Trilha do Silêncio no Parque Estadual do Jaraguá (PEJ) há uma árvore que chama atenção pela sua exuberância.

Logo abaixo dela é possível ler uma placa de identificação da espécie com os seguintes dizeres:
“Jatobá nativo da Mata Atlântica paulistana com cerca de 450 anos de idade. É uma das árvores mais antigas do PE Jaraguá e ilustra a magnitude da floresta que aqui havia antes da chegada dos colonizadores, com árvores majestosas de grande porte”.
Placa de identificação de uma das árvores mais antigas do PEJ próxima ao Casarão Afonso Sardinha. Foto: acervo Natasha Ceretti
Placa de identificação de uma das árvores mais antigas do PEJ próxima ao Casarão Afonso Sardinha.
Foto: acervo Natasha Ceretti

Trata-se da espécie Hymenaea courbaril (jatobá) um grande patrimônio da flora brasileira. Pode ser encontrada na Floresta Amazônica, na Mata Atlântica, no Pantanal e no Cerrado.
No passado, era uma árvore predominante no nosso território. Hoje é quase desconhecida devido aos poucos exemplares restantes. Muitas delas foram derrubadas para a utilização de sua madeira durante a colonização e, em um período mais atual, a urbanização expandiu para as áreas florestais provocando o seu corte.

Essa espécie de jatobá foi classificada na família das Fabacea ou Leguminosae, pois seus frutos são favas, ou seja, como “feijões” que vêm dentro de vagens. Sua altura varia em torno entre 15 a 30 metros e seu diâmetro varia em torno de 1 m. Na Amazônia já foram registrados jatobás de até 95 metros.

O tronco da espécie de jatobá do PEJ tem cerca de 1 m de diâmetro. Foto: acervo Natasha Ceretti
O tronco da espécie de jatobá do PEJ tem cerca de 1 m de diâmetro. Foto: acervo Natasha Ceretti

Seu fruto é comestível tendo em seu interior uma polpa em pó amarelada de cheiro forte muito adocicada. É rico em ferro sendo indicado para pessoas com anemia. Da casca do fruto pode-se fazer chá que possui propriedades estimulantes e fortificantes.
Jatobá em tupi significa "fruto de casca dura". Para os povos indígenas esta árvore é considerada um patrimônio sagrado do Brasil. Os índios acreditam que a utilização do seu fruto em rodas de meditação traz equilíbrio para os pensamentos e desejos humanos.

Pesquisas científicas comprovaram que o fruto traz benefícios para a organização mental corroborando com o conhecimento dos povos ancestrais!

É fundamental mencionar a importância ecológica do jatobá. Suas pequenas e abundantes flores melíferas são um grande atrativo para as abelhas nativas sem ferrão.

Essa árvore também costuma ser frequentada por bichos preguiça.

Aqui em São Paulo, além do belíssimo exemplar no PEJ é possível ver outro jatobá centenário no Parque da Luz.

O jatobá é uma legítima árvore do conhecimento dos povos ancestrais. Foto: acervo Natasha Ceretti
O jatobá é uma legítima árvore do conhecimento dos povos ancestrais. Foto: acervo Natasha Ceretti

Infelizmente, apesar de ser uma árvore de grande longevidade, está sob ameaça de extinção devido à exploração madeireira e a fragmentação das florestas.
Não percam a grande oportunidade de visitar esse patrimônio natural no PEJ!

Para mais informações sobre esta e outras espécies consulte

Sobre a autora:
Natasha Ceretti Maria Natasha Ceretti é mestre em Ciências (Saúde Ambiental) e doutoranda em Ciências pela FSP-USP. É bióloga pela UniSão Camilo.

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